segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DESCE?

Como de costume, chamei o elevador enquanto ia terminando de fechar minhas coisas e trancar o escritório. Sempre demora para ele chegar no meu andar, décimo sexto. Após esperar um bucado ele chegou vazio, claro. É muito raro alguém subir até tão alto. Apertei o botão da portaria e o elevador começou a descer. Mas não demorou muito a parar para pegar mais passageiros.

A porta abriu e já tinha um homem lá dentro. Acho que já o vi antes, um advogado do 16º. Dei um “boa tarde” meio inaudível, só para não dizer que sou mal educado. Nem sei se ele ouviu, porque também não ouvi resposta, mas fiz a minha parte. Nós dois estávamos em pé, virados para a porta. Era um momento um tanto quanto desagradável. E o elevador parou.

Acho desconfortável entrar em um elevador com gente dentro. Nunca sei se digo alguma coisa, se peço licença ou o que. Dessa vez já tinham dois homens lá dentro, um de branco e um com uma maleta na mão. Foi tudo o que consegui ver nos dois passos pra frente que dei para dentro do elevador, antes dar a rodadinha para me voltar para a porta. E logo percebi que eu ia ter que chegar pra trás, ia entrar mais gente.

Talvez pior do que carregar sacola na rua é carregá-las dentro do elevador. Quando está vazio você até põe no chão, mas dessa vez já tinha três caras ocupando o espaço. Um careca, um gordo e um narigudo. Pelo menos cada um estava ocupando um canto, e então dava para eu carregar as minhas sacolas no braço. Mas estavam pesadas, e ainda por cima o elevador parou para entrar mais um sofredor daquele momento interminável. Mas do meu canto eu não abriria mão.

Dei o azar de entrar no elevador com todos os cantos ocupados. Tentei chegar perto da mulher no canto pra ver se ela arredava pro lado pra eu pegar o canto dela. Mas ela nem se mexeu. E o problema maior não é nem que eu não tinha uma parede para me apoiar e “disfarçar” a tensão do momento, mas é que agora eu teria que ficar em pé no meio, sem posição, lendo e re-lendo a plaquinha de limite de passageiros. Certamente o cara que definiu a capacidade máxima daquele cubículo nunca esteve numa situação daquela. E não pude acreditar que ainda teria que dividir meus 30 cm² com mais uma pessoa.

Por um segundo achei que tivesse aberto a porta da sauna. Saiu lá de dentro um calor tão grande que no instante em que entrei tive que tirar o casaco. Certamente que a mulher que estava no meio do elevador não gostou disso, pois começou a suspirar incisivamente. Estava uma situação muito esquisita, todo mundo olhando pra cima ou pro lado. Mas olhar pro lado pode ser arriscado, você pode acabar olhando pra cara de alguém e a pessoa achar estranho que você está encarando. O jeito é olhar pra cima mesmo, porque nem pra plaquinha de peso máximo dava pra olhar, tinha uma careca tampando minha visão.

Quando a porta do elevador abriu me arrependi de não ter ido de escada. Não pude ver muito bem todos que estavam lá dentro, mas certamente não era um lugar muito agradável de estar. Mas eu já tinha esperado tanto tempo que resolvi entrar. A porta não queria fechar, e quando fui ver era porque eu estava tapando o sensor. Tentei rir da situação, mas acho que tinha uma moça lá trás suspirando tão fundo, parecendo um touro feroz, que preferi só dizer “ops”. Estava complicado. O elevador parou no andar de baixo, e a tensão lá dentro cresceu de maneira estrondosa. Senti até medo. Mas felizmente foi alarme falso, não tinha mais ninguém para entrar. Entretanto, quando me lembrei do sensor na porta ao fechar, tive que chegar um pouco pra trás. Só que tinha que tomar cuidado para não encostar minha bunda na mulher atrás de mim, e ao mesmo tempo tomar cuidado para não encostar o meu braço na coxa do cara do lado. E finalmente cheguei na portaria. Desci só dois andares mas equivaleu à tensão de uma semana. Coitado de quem tem que pegar no 16º.

domingo, 3 de outubro de 2010

Ondas sujas

Hoje fui votar pela manhã, e fiquei assustada com a sujeira nas ruas. Parecia um oceano de papel. É muito irônico que os políticos prometem um país melhor e fazem isso sujando nossa cidade. Realmente, fiquei escandalizada. Tive a sorte (ou azar) de estar com minha câmera fotográfica para registrar essa tristeza.




Papeis, plásticos, tocos de cigarro, as pessoas não exitam mais ao jogar os restos daquilo que usaram ou consumiram, no chão. É de extrema URGÊNCIA a criação de campanhas institucionais para conscientizar as pessoas do enorme erro que cometem. Não quero prolongar muito esse texto, mas acho que assim como roubar e matar são crimes, poluir a cidade também deveria ser. Talvez ainda não seja pois dessa forma não sobrariam muitos políticos com o "ficha limpa". De limpo não tem nada. Está tudo muito, muito sujo.